
primeira dimensão da escrita (a máscara-espelho). traçar no barro a primeira camada: o desenho reinaugura um corpo | por isso o primeiro corpo é de barro | é de barro este corpo alusivo que pode | perdurar
segunda dimensão da escrita (certamente morrerás). na mesma tábua de barro onde o corpo | pela primeira vez entoa e grava | o espanto de ser | (volátil) | pela primeira vez despeja | imagem | codificada | e guarda no gesto | a possível consciência de ser | (todo signo) | de ser | em espanto e enredo | uma cifra (incendiada-incendiária) | e tão líquida | luminosa | quanto precária | mas ainda inteiramente viva | e guardada | na coleção de riscos
terceira dimensão da escrita (depois do dilúvio). a primeira escrita | feita de sopro e barro | é matéria & hálito | aí se enterrou o tesouro mágico | uma semente da árvore da vida | onde se enrosca ainda | a mesma serpente | que joan brossa, p.e, divide | em duas páginas | e são as três dimensões | como as cabeças de cristo | o resto é barulho de água
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uma trilha
migalha 1. como se a morte viesse e nos visse | sem nenhuma resposta importante | ainda que o nome a ser apagado | em breve brilhasse | em cidades | também perecíveis
migalha 2. e nunca se perde nada | quando se entende a despedida
migalha 3. o que a gente conta é moldura do que não conta
migalha 4. a presunção de saber é uma cegueira armada
migalha 5. nome contra pele | até acordar | (com) a fronteira que é | até acender | outro mapa