imagem & texto

copiafiel

Imagem como aquilo que transcende os limites do corpo. A infinita alteridade mediada pela finitude do “corpo que olha”.

A imagem faz internalizar o outro, simula uma experiência de extensão: tudo o que é visto se torna parte de nosso “imaginário”. A imagem, em nós, é síntese da experiência com um dado externo e as sensações que esse dado causa/causou.

A imagem, ao mesmo tempo que nos dá a alteridade em contornos (figuras, texturas, cores), expõe a distância  entre quem olha e o que é visto.

A imagem, por mediar nossa relação com a alteridade e desejar incorporá-la, aponta esse lugar inexprimível do que está aquém ou além da percepção.

Ao tomar uma imagem, que expõe nossa distância daquilo que nos transcende, como substituto do próprio transcendente, ao tomar uma imagem, que é um aspecto, como absoluto, fazemos dela um objeto de idolatria ou de fetiche (apagamento do processo metonímico).

A fotografia captura, fixa a imagem e a expõe como cifra e representação. A poesia captura na imagem uma sequência de sons-desenho. Sons-desenho expostos no processo da escrita. À medida que torna musical, através de sua trama, a ideia de uma imagem.

A imagem, no poema, é um processo.

O texto condensa processos (da apreensão à abstração etc.) e encontros do corpo atual com corpos atualizados (o que foi incorporado pela experiência).

O texto é a esquina dos séculos, contados em tempos subterrâneos, é a esquina de tudo o que acontece nos intervalos, é o dispositivo mágico de reinvenção daquilo que os nomes contornam.

 

#anotações


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